Prefácio: Esse post estava nos rascunhos há literalmente um ano. Eu honestamente até havia esquecido que ele existia. Acabou que essa semana o Seventeen lançou um novo álbum e a música título, “God of Music” me fez refletir bastante sobre minha relação com a Música nos últimos dias.
Originalmente o que havia engatilhado eu começar a rascunhar esse texto foi o documentário “This is Pop” na Netflix (inclusive recomendo bastante) e comecei a pensar como música foi um elemento transformador na minha vida apesar de eu não conseguir bater palmas no ritmo ou cantar uma nota afinada sequer.
Além de ter nascido numa cidade que é considerada a capital da música, as primeiras coisas que eu lembro relacionadas a música é a coleção de vinis do meu vô. Muita big band e música clássica que ele botava pra tocar quase todos os dias. Daí fiquei um pouco mais “velha” e comecei a desenvolver o meu gosto musical pessoal: Xuxa, Eliana, Chiquititas, Sandy & Júnior e a trilha sonora daquele filme da Barbie que ela tem uma banda e eles tocam no espaço. E também, como pessoa nascida no interior, muita música sertaneja - que minha tia adorava ouvir.
Na adolescência, com acesso a tv a cabo e a internet discada, veio a MTV. Assistia a MTV Brasil e a MTV LA em qualquer oportunidade que tinha e comecei minha era fã de boybands e minha era de fã de rock. E essa foi a primeira grande transformação na minha vida.
Se eu quisesse saber o que caralhos significava “I'll never break your heart” eu tinha três opções: esperar alguma revista publicar, esperar alguém traduzir no rádio ou eu mesma traduzir. Google não existia e eu não era tão versada em fóruns para saber onde procurar essa info. E foi assim que eu comecei a aprender inglês. Com meu caderninho, meu dicionário português-inglês e o encarte do cd eu passei horas descobrindo sobre o que estavam cantando na televisão. Na época não consegui entender muito bem direito o que tavam cantando em “I want it that way” e depois de assistir ao episódio sobre música sueca do “This is pop” descobri que ninguém também nunca entendeu muito bem direito.
Um pouco mais tarde, quando a internet tava com o mato um pouco mais controlado, veio a segunda transformação: eu entrei na era “im not like other girls” e fui explorar o Myspace e o Lastfm em busca de grupinhos alternativos que mais ninguém conhecida, porque eu era melhor que todo mundo, eu não me rendia à modinhas. E foi assim que fiz minha primeira viagem pra fora do país, só pra ir ver o Arctic Monkeys tocar em Paris (o show foi qualqer coisa graças ao Arctic Monkeys que tava em sua fase blasé e aos franceses que parecem que preferem tomar um tiro do que se mostrar animado pra qualquer coisa).
Foi aqui também que eu fiz amizades que estão comigo até hoje. Algumas foram por gostos em comum, outras por compartilhamento de links como presente de natal, e outras porque me salvaram num festival de música eletrônica (pois é) onde minhas “amigas” da época tinham me largado sozinha no dia do meu aniversário.
Na vida adulta veio não só o peso da existência, como também depressão e a participação inevitável em eventos históricos. Veio também a Onda Coreana. Trabalhava no BuzzFeed na época que o BTS começou a ficar conhecido e, após dezenas de mensagens diárias de fãs do grupo pedindo para falar sobre o BTS no site, eu decidi ver que que era esse tal de kpop e por quê tanta gente gostava.
Tem muita gente que ainda não entende, mas tudo bem, vem no pacote de ser mulher. Mas grupos como o BTS e o Seventeen verdadeiramente me salvaram em momentos bem baixos da minha vida. Seja com músicas lindas que me passavam mensagens de alento ou com programas de variedades idiotas que me faziam esquecer que eu estava com absolutamente todas as esferas da minha vida despencando ao mesmo tempo. De plus ainda conheci culturas novas, um novo idioma e amigos incríveis.
A Música sempre foi muito presente pra mim e sempre será um pilar importante da minha vida. Eu ouço quando tô triste, quando tô feliz, quando precismo me concentrar, quando tô tomando banho, lavando louça, dormindo. Então faz todo sentido que ela tenha impactado minha de uma forma que vá além dela.
Empresto aqui um trecho de “God of Music” para encerrar essa carta, que mesmo não escrita do próprio punho, vem direto do coração:
”Se existe um Deus da Música
Eu quero te dar um abraço de gratidão”
Ps: muito legal revisitar esse rascunho que foi feito numa época que eu ainda não tinha ideia que ia acabar indo trabalhar na mesma empresa que criou a MTV. A vida tem dessas :)